Um cantinho para Mario Quintana!

Mario Quintana, Grande poeta!

vamo ler algumas poesias?

Mario Quintana

PROJETO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas… refinamentos…
– não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre…
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

Mario Quintana

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DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana – Espelho Mágico

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DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana – Espelho Mágico

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POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravançando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana

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O SILÊNCIO

Convivência entre o poeta e o leitor,
só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor.
Este não quer saber de terceiros,
não quer que interpretem,
que cantem, que dancem um poema.
O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio…

Mario Quintana – A vaca e o hipogrifo

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EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana – A Cor do Invisível

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SINÔNIMOS

Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.

Mario Quintana (Caderno H)

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CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos…

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita…

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

Mario Quintana

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POEMA

Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos…

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RECORDO AINDA

Recordo ainda… e nada mais me importa…
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança…

Estrada afora após segui… Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino… acreditai!…
Que envelheceu, um dia, de repente!…

Mario Quintana

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O TRÁGICO DILEMA

Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.

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BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

…..tem de ser bem devagarinho,
…..amada,

…..que a vida é breve,
…..e o amor
…..mais breve ainda.

Mario Quintana

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PEQUENO ESCLARECIMENTO

Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos,
nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio
– um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios.
Um silêncio… Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

Mario Quintana

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E ai foram só algumas das minhas poesias preferidadas Do Quintana 😀

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